Manifestações espelhando Saturno quadrado Urano
- Antonio Bola Harres

- 7 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
O eixo Áries e Libra correspondem ao indivíduo no singular e no plural. Por mais irrepetível que alguém seja, existem atualmente 7 bilhões de inigualáveis, o que se comprova verdade pela precisão com que os exames de DNA são capazes de identificar quem é filho ou filha de quem.
Mas é também da natureza simbólica do primeiro eixo zodiacal espelhar a realidade de que a natureza, não fazendo todos iguais, distribui perfis e destinos na coletividade de maneira diversificada, por exemplo, manifestando muito mais seguidores do que líderes.
Em suas origens, igual a muitas espécies, os alfas da manada humana eram também escolhidos por disputas individuais, no que as eleições são a forma mais evoluída que até agora se chegou de evitar que a força física, o poder econômico e a habilidade retórica determinem quem será a cabeça ou o cabeça do rebanho.
E na sequência dos eixos, Touro corresponde por exemplo aos talentos e capacidade de um candidato à macho alfa a reunir recursos materiais e humanos para erguer a bandeira de sua campanha e assim reunir mais seguidores.
É neste momento que os candidatos se tornam símbolos das propostas que representam, a ponto de que o atual ocupante do Palácio do Planalto ainda hoje é ovacionado com gritos de "mito", por seus seguidores.
A propaganda eleitoral por jornais, rádio, TV e internet, os comícios, carreatas e motociatas, as pesquisas de opinião, fazem parte do eixo seguinte, Gêmeos e Sagitário, sendo este último o signo se associa aos que vão se destacando como prováveis vencedores.
Finalmente, no eixo Câncer e Capricórnio temos o que a maioria da população elegeu para chegar ao cargo que corresponde de macho ou fêmea alfa, por um determinado período de tempo.
E se o ou a governante possa ser visto como alguém que ascendeu por ser um produto das necessidades de uma nação para esta época de sua história, também no prazo do mandato a esgotar-se inexoravelmente, "comendo" dia a dia sua gestão, podemos entender o antigo mito grego de que o tempo, Saturno-Cronos, também devora suas manifestações, ou "filhos", conforme foi de forma tão perturbadora pintado pelo genial Goya, que pode ser vista aqui: https://pt.wikipedia.org/wiki/Saturno_devorando_um_filho Toda esta longa digressão foi para chegar até o nascimento de Travis Scott, rapper norte americano que foi dado à luz quando o Sol em Touro achava-se em quadratura a Saturno em Aquário, em 30 de abril de 1992, que além intérprete e compositor. Mas visando capitalizar seu enorme sucesso, tornou-se também produtor de festivais que chamou de "Astroworld" e que em sua mais recente versão tomou a mídia mundial por provocar a morte por sufocamento pela multidão de mais de 50 mil pessoas que assistia a apresentação de Travis, deixando o lamentável saldo de morte de 8 de seus jovens fãs e mais de 300 feridos.
O desastre ocorreu na sexta, 5 de novembro, em torno de 20h38 em Houston Texas, quando o sol encontrava-se a 13 de Escorpião, em oposição ao Sol natal e à Lua progredida do artista e produtor, ambos formando quadratura com Lilith e Saturno em Aquário, natal e por trânsito, já que ele se encontra no seu primeiro retorno de Saturno.
É fácil, a partir destas constatações, concordar com o apelido de 'Grande maléfico" a Saturno e atribuir ao astro envolto em grandes anéis a ser o emissor de fluídos destrutivos e assim, achar um personagem cósmico para fazer o papel de diabo dentro da projeção popular de que ö "inferno são os outros". Mas se pensarmos na ansiedade por reunião e entretenimento, acumulada por tantos meses de pandemia, pode-se começar a entender o que fez com que a massa, urgente por chegar com seus celulares mais próximos passassem a empurrar e a ser empurrados, formando mortíferas ondas em mar de pessoas comprimidas umas sobre as outras, onde as próprias barreiras de proteção ao público acabaram tornando-se armadilhas e obstáculos para os fãs e os socorristas.
Já várias vezes aqui frisei que as catástrofes onde Saturno se acha em evidência, as causas devem ser procurados revirando estas três pedras: negligência, imprudência e imperícia, especialmente quando já se sabe que o mais perigoso de todos os eventos é aquele em que se aglomeram pessoas em pé junto ao palco, pois a tendência dos que estão mais atrás de também chegarem à frente é o que dispara, primeiro o gatilho do pânico e depois o do mortífero "salve-se quem puder". E em uma ressonância mítica-símbólica impressionante, o portão principal das últimas edições do festival "Astroworld" tem por decoração grandes reproduções de cabeças de Travis Scott, de mandíbulas abertas, à espera de devorar o púbico. Sem dúvida, o sacrifício das jovens vidas irá de alguma forma forçar o aprimoramento do planejamento, execução e mecanismos de resposta à crises em grandes eventos de forma a se evitar, o máximo possível, que novas e preciosas vidas sejam ceifadas.





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