Mira-Bolações sob o Sol em trigono com Urano
- Antonio Bola Harres
- 14 de out. de 2020
- 4 min de leitura

Inspirado em desenho de próprio punho de minha professora Emma de Mascheville, reproduzido a cima, cometi o textículo que segue, que solicito, se reproduzido, mante-lo na íntegra, uranianamente livre de prefácios não solicitados.
Uranós, o céu constelado revela-se quando o Sol, a estrela na qual vivemos, oculta-se pelo girar da Terra e vemos que não um só leonino Sol, mas aquarianos enxames de bilhões deles.
Ou seja se eu sou um centro em torno do qual os outros giram, para estes o outro sou eu.
Esta é a essência da questão dos eixos dos signos de fogo e ar.
Em Áries sou o centro porquê nasci, quero crescer e me afirmar, mas o grande exército libriano composto por tropas de 6 bilhões e 999 milhões, 999 mil e 999 "não-Bolas" também igual e justamente também o querem.
Em Leão torno-me centro através da busca de uma identidade social, para além daquela ariana, naturalmente conferida por ser filho ou filha de um casal e ser irmão ou irmã de outros saídos da conjunção de mesmos óvulos e espermatozóides e gestados no mesmo útero.
No polo oposto, no uraniano aquário reflete-se as ondas incessantes de massas de meus semelhantes que também nadam freneticamente para não morrer nas praias do anonimato, arrastado por manadas cegas pastoreadas por correntes marinhas do oceano da História.
Finalmente, em Sagitário almejo unir seta e centro do alvo, tornando-me um só com as convicções e certezas que me coloquem tão além e acima que me sinta inexpugnável, pouco importando que o carrossel gire, os cavalinhos geminianamente subam e desçam em círculos desde que em torno de minhas crenças.
Outra detalhes importante é que na metáfora do parque de diversões que o sagitariano pode encarar a vida, volta e meia ache-se embarcado no trem fantasma, onde enfrentará os sobressaltos de deparar-se com metades não tão luminosas de si mesmo, medos e incertezas que o fazem igual a qualquer comum dos mortais.
Assim, inspirado no presente trigono do Sol em Virgem com Urano em Touro, apresento na ilustração ao lado desenho de próprio punho de minha professora, a aquariana Emma Costet de Mascheville, sobre os ciclos de aspectos de Urano formados ao longo de uma existência.
Aos 7 anos, forma-se o primeiro semi sextil, - ângulo de 30 grais - idade na qual o passarinho humano faz seus primeiros vôos para além ninho, explorando o imenso "lá fora", mas que ainda tão dentro de si mesmo que é incapaz, com as poucas palavras que conhece, noema-lo como outro.
Aos 14 anos, o primeiro sextil de Urano com Urano corresponde ao cair da bomba de Hiroshima de hormônios que nos irão lançar à passagem para a vida púbere, que faz sangrar mensalmente as meninas e muda o timbre dos meninos, conferindo-lhes o re-evolucionário poder de reproduzir-se.
Aos 21, a primeira quadratura de Urano com Urano corresponde à rebeldia explosiva contra todos os moldes: familiares, sociais, culturais, religiosos, ideológicos afrontando toda e qualquer hierarquia que pretenda nos impor rédeas e cabrestos.
Brutos, selvagens e indomáveis, em busca de substituir o velho que já passou pelo juvenil que esta por vir, corcoveamos até que o peão boiadeiro das verdades estabelecidas seja arremessado bem longe da cela.
Aos 28, quando Urano forma o primeiro trigono é quando surge a oportunidade de encontrar Sanchos Panças da mesma geração com quem poderemos afinar propósitos para a quixotesca missão de mudar o mundo e salvar Dulcinéias dos dragões e transformar pelo condão do amor, inseguros e imaturos Dulcinéios, de sapos em príncipes.
Tomando a vida por um circuito de Fórmula 1, onde o nascimento seria o grid de largada, a oposição de Urano com Urano natal aos 42 anos de idade corresponde à reta oposta aos boxes, onde estamos na contramão da arrancada que nos levou à vida adulta e começamos a percorrer a metade que nos levará à bandeira final da última respiração.
Nesta altura nos deparamos com os retardatários de nós mesmos, com todos aqueles Bolas que na juventude escolhi não ser, me bloqueando o caminho, obrigando diminuir a velocidade para pensar se não teria sido melhor seguir carreiras de contra baixista, desenhista ou escritor. Também, aquelas músicas que uma vez representaram sua rebeldia, já se tornaram clássicos bem comportados, servindo de trilha sonora até para elevadores.
Aos 56 anos ocorre o segundo trígono, quando se é ainda capaz de inovar e criar progresso, transgredir e romper as últimas barreiras, revolucionando com experiência e conhecimento de causa.
Nos 63, repete-se a quadratura dos 21, e é quando o piloto tem de diminuir o gás nas turbinas para que o avião comece a "cair" lentamente em direção ao pouso. Mas também os que preferem ignorar a fadiga do material e cravar o avião na pista.
Aos 70, onde me encontro, temos o último sextil, onde se está começando uma fase de cada vez maior liberdade: além de ter fundado Bolândia - onde é feriado para sempre - este ano me livrei de uma vez por todas da democracia goela abaixo, estando dispensado de anular meu voto.
Aos 84 se chega ao retorno de Urano à sua posição natal, e com um pouco de sorte, livres da demência senil, fraldas geriátricas e andadores, pode-se ter outra vez o olhar feliz dos bebês recém nascidos, que não tem a mínima idéia da causa de seu estado; livre de arrependimentos, culpas ou saudosismos, prontos para pular de volta no abismo sem fundo daquilo que ainda não começou.
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